Netflix - O Justiceiro - Critica e Review com Spoiler



Olá, Olá Nerds! Assistimos os 13 episódios da nova série da parceria Marvel/Netflix: O Justiceiro, que terá estréia dia 17/11. O Criador Steve Lightfoot trás de volta o excelente ator Jon Bernthal para reprisar Frank Castle, seu papel em Demolidor em uma série que, com certeza, merece sua atenção!

Essa crítica terá revelações sobre o roteiro, então alerta de Spoilers ligado e, a partir daqui, é por sua conta e risco.



A História:

A série, que se passa após os eventos de Demolidor, conta a história de vingança do ex Fuzileiro Naval Frank Castle que tem sua família executada na sua frente por criminosos. A partir daí ele sai em uma caçada de morte contra todos aqueles responsáveis pela morte de sua família. (isso dura meio episódio rs).

Depois de executar os criminosos que tiraram sua família, ele decide deixar o uniforme de Justiceiro e tentar levar uma vida normal sob o nome de Pete Castiglione (diferentemente dos quadrinhos, onde um dos sobrenomes de batismo de Castle era Castiglione). Ele passa a trabalhar em uma companhia de demolição, quebrando paredes. Ele acaba livrando um jovem colega de trabalho de um problema que arranjou com mafiosos e acaba tendo que sair do emprego. Chegando na nova cidade, Castle é reconhecido e "recrutado" por David "Micro" Lieberman, um ex analista da NSA que simulou a própria morte e deseja derrubar alguns poderosos da Agencia de Segurança Nacional.

Ao aceitar essa parceria, Castle descobre que o assassinato de sua família não foi apenas ação de criminosos, mas sim por conta de uma gigantesca conspiração e queima de arquivos que envolvia uma ação ilegal dos Marines em Kandahar - Afeganistão.  (Novamente diferente dos quadrinhos, onde a família de Castle foi assassinada por criminosos depois de um confronto em NY. Além do fato do Justiceiro ter lutado na guerra do Vietnã, e não no Afeganistão. Embora saiba que a contextualização é extremamente necessária, pois a guerra do Vietnã começou em 1955 e acabou em 1975)

Castle, então parte para uma missão que inclui matar cada responsável pelo ocorrido. Nesse meio tempo, encontra seu velho amigo, o Ex Fuzileiro e agora empresário Billy Russo, mas como a jornada do Justiceiro é contrária aos planos de Russo, este ultimo arquiteta um plano para impedir seu antigo companheiro de guerra de concluir seu intento, mesmo que, para isso, precise matar Frank Castle.

No fim, o herói com a ajuda de Micro, da policial Dinah Madani (que não existe nos quadrinhos) e de Karen Page, consegue realizar seus intentos e ainda deter Billy Russo, que neste momento, já é seu arqui-inimigo. (Nos quadrinhos, Billy Russo é chamado de Retalho, ou Jigsaw, nos EUA)


Roteiro e Fotografia:
A série é muito boa, enredo bem concebido de modo a fazer com que o espectador mantenha a atenção, o roteiro tem alguns problemas, como tem muitos flashbacks alguns momentos não da pra saber se é uma lembrança, ou ação no presente. Outro furo é que em alguns momentos, Frank Castle parece um gênio da guerra, com ações extremamente calculadas e uma acurácia impressionante, quase cirúrgico, em outros ele demonstra uma imbecilidade sem tamanho chegando a amarrar um militar com uma gravata e um nó tosco. Mas nada que vai estragar sua diversão.

O ritmo da série é cadenciado, desenvolve bem os personagens, a empatia que sentimos por Frank Castle e por Micro é inevitável. Em vários momentos as dores deles são jogadas em nossa cara e sentimos a mesma raiva que eles. Embora a ação não seja frenética, ela está lá e no momento em que aparece, é muito satisfatória. Sequencias sensacionais do Justiceiro fazendo "A limpa" nas linhas inimigas são o ponto forte das cenas de ação.

A fotografia está explêndida, pouco contraste, pouco brilho, não chega a ser sombrio, mas é completamente intimista, o ângulo das câmeras fazem com que cada cena retrate a visão e o sentimento dos personagens, mesmo com poucas cenas em primeira pessoa. Nos flashbacks de momentos felizes percebe-se a diferença na palheta de cores, mostrando a diferença de sentimentos entre as cenas.


Os personagens:


Justiceiro/Frank Castle: Jon Bernthal é o Justiceiro definitivo, ele consegue trazer toda a dor e a solidão que o personagem deve sentir, demonstrando todo o ódio armazenado ao mesmo tempo que mostra afetuosidade com quem é inocente.



David “Micro” Lieberman: O Personagem de Ebon Moss-Bachrach (de "A Casa do lago") difere um pouco dos quadrinhos. Na HQ ele é um hacker que dá vários golpes e ajuda Castle fazendo cyber investigação e lavagem do dinheiro que o Justiceiro tira daqueles que ele mata. Na Série, Micro é um analista de TI, também é hacker, mas sua motivação não é dar golpes, mas sim acabar com os corruptos da NSA para poder voltar à sua família e para isso ajuda Castle. O ator Ebon Moss-Bachrach deu vida a um Micro solitário, triste e depressivo, que acompanha sua família através das câmeras escondidas em sua casa. Gostei muito da atuação.



Dinah Madanim: Amber Rose Revah interpreta uma sofisticada agente altamente treinada da Segurança Nacional que não gosta dos métodos do Justiceiro e pensa que ele é um terrorista. A princípio, batalha contra o herói, entretanto, a medida que a trama avança, ela começa a questionar os que estão à sua volta até que seus interesses acabam se alinhando com os interesses do herói. Boa interpretação. A cena mais "picante" da série é com ela, mas não se empolguem, a cena é bem fraca.




Billy Russo (Ben Barnes), Foi o melhor amigo de Frank Castle do tempo nas Forças Especiais e dirige uma corporação militar privada bem-sucedida chamada Anvil. Faz par romântico com Dinah até quase o fim da temporada. Russo trai a amizade de Frank e por isso, no fim, ele tem o rosto desfigurado por ele. Nos quadrinhos, ele se torna o vilão Retalho (jigsaw), e parece que esse também será o destino de Russo na série. Boa interpretação de Ben Barnes (de Cronicas de Narnia: Príncipe Caspian), em vários momentos eu torci para que ele não se tornasse o vilão que estava destinado a ser.




Curtis Hoyle: Nos quadrinhos Curtis passa a viver como criminoso, após voltar da guerra, entretanto, na série ele é um amigo de Frank Castle e uma das poucas pessoas que sabe que ele está vivo. Gostei muito da mudança das características do personagem, abrilhantou o roteiro, excelente interpretação de  Jason R. Moore.




Karen Page: A Aliada de Demolidor atua como informante de Frank Castle, pequena participação da personagem, mas muito bem interpretada (novamente) por Deborah Ann Woll.



O Justiceiro não é apenas uma série sobre a vingança de um cara sobre aqueles que mataram sua família. Frank Castle representa o ideal do homem americano, mas que foi destruido. Ele é um pai amoroso, porém rígido, ele é um marido fiel e apaixonado, homem honrado e honesto, trabalhador, não reclama da vida. É um Fuzileiro Naval, que seria tratado como herói, se não fosse as circunstâncias da vida e, mesmo com tudo, se mantém fiel a seus princípios.

Durante a série, nos são apresentadas algumas situações que geram reflexão. Por Exemplo:

Castle se responsabiliza por cuidar da esposa e dos filhos de Micro, Sarah (a esposa) pensa que o marido está morto e acaba por se apaixonar por Frank e, mesmo o herói também ficando envolvido, ele mantém a fidelidade dela, pois sabe que o marido dela está vivo. Na situação dele, será que faríamos a mesma coisa?

Um dos temas mais recorrente foi traição, traição à Pátria, traição conjugal, traiçao entre amigos e as eventuais péssimas consequências dessas atitudes, em contraste, a série retrata pessoas com moral e integridade intáctos como é o caso da Agente Federal Dinah Madani, que sempre luta pelo que é certo, de Curtis Hoyle, um ex tenente dos fuzileiros que ajuda ex combatentes a se reintegrarem na sociedade como civis, de Frank Castle que se mantém fiel a seus principios mesmo tendo sua vida devastada.

Outro tema bem presente e talvez o mais presente, seja a solidão. Todos os personagens são solitários em algum aspecto. Castle, por causa do assassinato de sua família. Micro, por causa das atitudes que teve que tomar para proteger sua família. Russo, pelo seu amor ao dinheiro acima de qualquer relação humana. Madani, devido a sua empáfia, tem apenas uma relação honesta que é com seu parceiro de equipe. O autor conseguiu trazer esse sentimento de maneira muito intensa fazendo com que o espectador também sinta um pouco da solidão que transborda da série. Sensacional!

Uma outra situação bastante complexa é a questão do jovem ex combatente Lewis Walcott (interpretado por Daniel Webber) que faz parte do grupo de ajuda de Curtis é demitido da empresa de Billy Russo por sua condição psicológica. Visivelmente, o garoto vive em um grau elevado de Estresse Pós-Traumático e acaba cometendo atos terroristas levantando a questão: Será que o exército americano cuida adequadamente dos seus? Ou simplesmente dá as costas e os deixam à míngua?

Outro ponto positivo para a série é que mesmo sendo uma série pra adultos, que terá classificação para maiores, ela não tem pornografia ou conteúdo erótico. a única cena mais quente é, na verdade, bem branda e passaria tranquilamente em horário nobre (não que isso signifique muito), mas obviamente, não é pra crianças.

A violência é o ponto alto da série, não tem aquela "sujeira" de filmes como Premonição, mas é brutal, logo de cara, tem atropelamento à sangue frio, durante os episódios tem cabeças explodindo com tiros de calibre 12. Se era isso que estava esperando em Justiceiro, vai encontrar.

Se o Debate Nerd recomenda?
Sim: Super Recomendado!

O Justiceiro não é a série mais brilhante da Netflix, mas vai te garantir um bom entretenimento!
Na minha humilde opinião, supera Jessica Jones, ficando em segundo lugar no ranking "Marvel-Netflix", perdendo apenas para a primeira temporada de Demolidor.


Trailer "O Justiceiro":



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