Olá, Olá Nerds! Eu sei, eu sei, normalmente não damos spoiler, mas não tem como falar desse filme sem revelar detalhes do roteiro, então a partir de já, ALERTA DE SPOILER ATIVADO!
Mãe é o mais novo trabalho do diretor Darren Aronofsky, é caracterizado como terror, mas não chega a dar medo ou assustar de fato. O terror é psicológico, te deixa tenso, ansioso pela próxima cena. O filme é denso, com diversas alegorias da bíblia, regadas a grandes doses de niilismo ético e existencial: um Deus pretensioso e vaidoso, querendo reunir adoradores; uma humanidade inútil, egoísta, despropositada querendo seu ídolo para adorar e manipular.
Aronofsky consegue desenvolver o filme com genialidade ímpar e coloca o expectador para pensar contrastando elementos sacros com a torpeza, chocando a religiosidade dos mais desavisados. Por conta disso, o filme pode cair em uma dicotomia sendo considerado uma obra prima genial ou um filme extremamente ruim.
O roteiro é conciso, entretanto, se o expectador não conseguir entender logo de cara as referências bíblicas, terá dificuldade em suspender a descrença, mas se perceber rapidamente, verá um roteiro com pouquíssimos furos e atuações impecáveis dos protagonistas.
O filme narra a história de uma mulher, dona de casa, casada com um poeta que passa por um momento de bloqueio de inspiração que mora em uma bela, porém simples, casa. Depois de um tempo, o casal recebe como hóspede um médico, que depois se revela fã do Poeta. A protagonista não se sente à vontade com a presença do hóspede, entretanto aceita sua presença. Pouco tempo depois chega a esposa do médico e é aí que a vida dos protagonistas, bem como o casamento deles se complica e as coisas pioram ainda mais quando nasce seu filho.
Como falei, o roteiro é cheio de alegoria bíblica que vou descrever à seguir.
Primeiramente é importante dizer que nenhum personagem tem nome, são tratados por pronomes e substantivos comuns.
O Poeta/Ele, interpretado por Javier Bardem, é
Deus, criador, generoso, bondoso e amoroso. Entretanto esse Deus tem altas doses de vaidade
A mãe, personagem de Jennifer Lawrence, é a
natureza, que sofre com a presença humana.
O homem/médico, interpretado por Ed Harris é
Adão, isso fica muito claro na cena onde ele está vomitando, e percebe-se uma cicatriz em sua costela e no dia seguinte, ele age como se não lembrasse do ocorrido
A mulher/esposa do homem, personagem de Michelle Pfeiffer, é
Eva. É importante salientar que nessa obra, não existe a serpente. A mulher resolve acessar o lugar proibido pela sua própria concupiscência.
O filhos da mulher e do homem são
Caim e
Abel e matam um ao outro como na narrativa veterotestamentária.
O bebê é
Jesus, O Messias, que é morto pela mesma humanidade que o adora. Na cena mais forte do filme, pessoas comem a carne e bebem o sangue do bebê em uma clara referência ao ritual da
Santa Ceia.
Uma referência inédita está aqui: O tempo de duração do filme, representa a idade da criação de acordo com a bíbla, ou seja, cerca de 6000 anos, o bebê permanece em cena por volta de 7 ou 8 minutos. O tempo que Jesus viveu na terra (cerca de 33 anos) é proporcionalmente 10 vezes menor do que tempo que o bebê permaneceu no filme (cerca de 7 ou 8 minutos).
Não consegui encontrar (ainda) uma explicação para a bebida dourada que a mãe ingere. Assim que souber ou compreender, volto aqui e atualizo.
Para este humilde crítico que sabe quase nada, é o melhor filme de 2017 (até aqui), mas as opiniões de muitos podem divergir da minha. Mesmo no festival de Veneza, o filme foi aplaudido de pé e vaiado na mesma intensidade.
Recomendo? Sim, muito!
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