A Ignorância e o RPG

Olá, Olá, Nerds!

Hoje vamos quebrar o preconceito e entrar no fantástico mundo do RPG.

RPG
O RPG pode sobreviver a Ignorância? Antes de respondermos está pergunta, primeiro vamos saber o que é RPG, e descobrir a respostas para outras perguntas.

O que é RPG?

RPG é a sigla em inglês de Role-playing game, que traduzindo para o português seria: Jogo de interpretação de papeis ou Jogo de representação. Muitas pessoas confundem a Sigla com a da massagem fisioterapêutica RPG (Reeducação Postural Global) ou a que eu menos gosto de atribuir que é a do Lança misseis (Rocket-Propelled Grenade). No entanto existem mais atribuições para a sigla RPG do que se pode imaginar: filmes, (RPG filme de ficção cientifica de 2013), Linguagem de Programação (Report Program Generator da IBM), Jogo de computador (MMORPG massive multiplayer Online Role-Playing Game), entre tantas outras.

O RPG que nos referimos é um jogo (inofensivo) de mesa (Como existem mais de um tipo, frisamos o aspecto mesa que envolve a criação de personagens e narrativa), que visa a diversão de forma cooperativa (pelo menos este é o intuito primário), uma vez que a maioria (90%) dos problemas não podem ser resolvidos sozinhos.

RPG de mesa

Qual a diferença do RPG mesa para o RPG de Vídeo game (online e Off-line)?

As diferenças são enormes assim como suas peculiaridades e similaridades.
Primeiro o RPG clássico ou de mesa, envolve a criação de personagens, coisa que o RPG gráfico ou de vídeo game, não possibilita na maioria das vezes.

Segundo mesmo que você possa criar o seu personagem no RPG gráfico, você inevitavelmente irá seguir uma linha de história cronológica, e mesmo que o jogo tenha diversos finais, ainda assim você terá que seguir para aquele final, queira você ou não, seja feito de forma proposital (que você sabia que iria acabar naquele final) seja de forma aleatória. Isso o RPG clássico não tem, uma vez que o enredo é criado pelo Narrador (Mestre) em conjunto com os jogadores.

RPG
O que é Mestre de RPG e Jogador?

O Mestre de RPG (também chamado de Narrador) é a pessoa responsável por Contar a história. [A maioria dos Mestres de RPG (eu inclusive) odeia o título Narrador, uma vez que Narrador é aquele que conta um relato, descreve ou narra, ele nunca cria; logo podemos atribuir o título “Narrador de Futebol”, nunca “Mestre de futebol”]
O jogador ou jogadores são as pessoas que farão os papeis dos personagens da história, (geralmente criando os próprios personagens, após o mestre atribuir o enredo).
No RPG não existe grau de importância maior: O Mestre não é mais importante que o Jogador, já que sem jogador não há história, e o Jogador não é mais importante que o Mestre, já que sem Mestre não há jogo.

RPG de mesa


O que é mais fácil ser Mestre de RPG ou Jogador?

A reposta parece óbvia, mas não é:
Ser Mestre de RPG significa ser dedicado, passar horas e horas lendo e relendo livros de regras (é isso mesmo horas e horas LENDO), é necessário ter conhecimentos gerais de política, geografia, história e acima de tudo ser criativo, muito criativo.
Depois disso o papel do jogador parece fácil não é mesmo?
 O Jogador tem o trabalho crucial de ler pelo menos 1 dos diversos livros de regras (não todo claro, mas grande parte), para montar seu personagem, e depois disso montar a sua história inicial, seus antecedentes, família, bens, relacionamentos e motivação da história.
Como vê o jogo envolve muita leitura, por isso se você é preguiçoso já deve ter desanimado, no entanto é ilógico dizer isso a você, pois se chegou até aqui, preguiça de ler não é uma característica sua.

Dados de RPG


Como era o RPG antes e como é Hoje?

Antes.
O RPG teve altos e baixos no Brasil (mais baixos que altos) teve sua maior dominância entre 1990 a 2000 com o surgimento do sistema Storyteller e o novo sistema D20. Já foi e ainda é muito mal visto pela ignorância, (e ainda não é visto como a ferramenta de crescimento como eu e grande parte dos mestres vê).
Para explicar melhor imagine-se em meados de 1990-1998 com a ascensão do grunge e Rock’n’Roll no norte da América, no entanto você está no Brasil; e nesta mesma época temos a ascensão do pagode, axé e outros aqui (sem palavras não é mesmo). 
Jogar RPG naquela época no Brasil era o mesmo que ser gótico e entrar em um vagão de trem com um bando de evangélicos. Os pais desinformados, não permitiam que seus filhos lessem livros de RPG devido ao conteúdo (engraçado dizer isso, já que eles também não leram os livros, simplesmente julgaram pela capa), e não permitiam que os filhos participassem de “cultos” de RPG já que não queriam um filho marginal! 
Olha que interessante: 
Qual marginal lê diversos livros? (A maioria dos livros naquela época estavam em inglês, logo temos um futuro marginal bilíngue?).
Qual marginal vai convidar os amigos para ficar horas sentados em volta de uma mesa, com diversos livros abertos, dados de todos os tipos, folhas rabiscadas e numeradas, fazendo contas rapidamente e tentando não falar na gíria? (Ao meu ver isso parece um grupo de adolescentes estudando, ou futuros políticos treinando para comprar votos).
Qual marginal vai passar horas escrevendo um enredo de aventura na semana, e passar horas da sua noite anotando detalhes para simplesmente falar frente a um bando de marmanjos? (Meu Deus eu era um marginal).
Hoje...
O RPG ainda não tem o espaço que deveria, mais por falta de incentivo do que curiosidade, existem poucas lojas que apostam no produto (melhor poucas do que nenhuma, e não irei fazer merchandising agora), e ainda não tem como vencer a ignorância sem que antes vença a preguiça.

Big Bang Theory Rpg de mesa
O RPG pode vencer a Ignorância?

Acredito profundamente que sim, mas antes teremos que vencer a hipocrisia e idiotice. (Pais e mães não só os religiosos, não deixam os filhos lerem livros de RPG, pois a capa consta monstros e dragões, alguns com vampiros e fantasmas, mas deixam os filhos lerem crepúsculo, 50 tons de cinza ou assistirem filmes da Disney como “Piratas do Caribe” ou “Descendentes”).
Podemos ultrapassar a barreira da Ignorância, quando entendermos que o RPG estimula o crescimento pessoal, (se seu filho tem medo de falar em público deixe-o participar de uma aventura de RPG, prometo que em pouco tempo isso será sanado).
Podemos ultrapassar a barreira da Ignorância, quando entendermos que o RPG estimula a criatividade (você acha que os grandes atores nasceram sabendo ou treinaram oratória e teatro? Deixe seu filho(a) participar, montar e interpretar um personagem medieval, um cavaleiro da renascença, um herói de quadrinho, um patrulheiro estelar, um cientista, uma donzela em perigo, uma heroína, um executivo poderoso, e por que não um vilão)
Podemos ultrapassar a barreira da Ignorância, quando entendermos que o RPG não é para preguiçosos, [seu filho(a) terá que ler, repito ler... E ler muito somente para ser um bom jogador (o RPG é um jogo cooperativo e sem ajuda ele não conseguirá crescer no jogo), caso ele(a) queira ser Mestre terá que ler ainda mais, sete ou dez vezes mais. O trabalho do mestre é ambientar o mundo de Aventuras e até criar o próprio mundo, ele terá muito trabalho, e terá que entender coisas básicas de física, biologia, botânica, geografia, psicologia, política, economia, matemática entre uma infinidade de assuntos, ele estará pisando na linha da genialidade e da burrice ao mesmo tempo, pois terá que interpretar vilões geniais e camponeses inocentes, terá que criar o início, o meio o clímax e o fim épico de uma história.... Não é pouca coisa. E o único mérito que ela ganha é a participação dos amigos sabe por que? .... Não existe incentivo para a criatividade e a cultura no Brasil e a culpa inicial é dos pais que não incentivam].
Podemos ultrapassar a barreira da Ignorância, quando entendermos que o RPG pode e deve fazer parte de trabalhos de Escola fundamental, média e também da Faculdade. [Pense claramente: Se quiser fazer com que seu filho aprenda algo ele tem que entender a lição dada como diversão, não como obrigação. Se obrigar seu filho a lavar o quintal ele o fará da maneira mais rápida e porca possível, já que você o obrigou a fazê-lo. No entanto se você disser que ele pode tomar um banho de mangueira num dia quente e enquanto isso tentar fazer uma piscina de espuma no quintal com sabão em pó, mas depois terá que lavar o quintal... Adivinha... Vamos usar isso na escola! Se a professora passar a lição de casa como uma redação de 20 linhas no mínimo com o título “Como podemos fazer um Mundo Melhor” e todos teriam que ler em voz alta na frente do quadro negro a sua redação para a classe toda; seu filho pode escrever as primeiras 10 linhas e praticamente já ter concluído a ideia, de forma pobre e sem nenhuma criatividade, para não passar pelo ritual tenebroso e odiado e por que não dizer vergonhoso, de ler a frente da sala de aula; mas se a professora incentivar a criação de um personagem e não limitar a criatividade do aluno dando ganchos para expandir seu vocabulário e sua imaginação: (em momento algum o título definiu “nosso mundo”, ou “mudar o nosso mundo”), seu filho não estaria preso a nossa realidade pobre, ele pode criar a personagem que quiser ou o mundo dele  (o mundo que quiser, o meu seria com cachoeiras de chocolate, todos os dias da semana seriam domingos ensolarados no parque, não teríamos distinção de raça ou cor e só comeríamos por prazer, não por necessidade)... Adivinha quem escreveria mais de 30 linhas e praticamente pediria para ser o primeiro?].

Big Bang Theory Rpg de mesa

Pessoal, concluímos que o RPG pode vencer a e ultrapassar a ignorância, mas é necessário empenho de ambas as partes. (Nós estamos fazendo nossa parte e vocês?).

Queia agradecer ao meu amigo  Ericsson Alves, autor desse artigo, que é um excelente jogador e mestre de RPG.



Tormenta

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